Saltar para o conteúdo

Sara Correia

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Navegação no histórico de edições: ← ver edição anterior (dif) ver edição seguinte → (dif) ver última edição → (dif)
Sara Correia
Informação geral
Nome completo Sara Sofia Correia Catarino
Nascimento 27 de maio de 1993 (31 anos)
Local de nascimento
Portugal
Origem Marvila, Lisboa
País Portugal Portugal
Gênero(s) Fado
Instrumento(s) Vocais
Gravadora(s) Universal Music Portugal

Sara Sofia Correia (Lisboa, 27 de maio de 1993) é uma fadista portuguesa, natural do bairro de Chelas. É sobrinha da cantora Joana Correia[1].

Sara Correia cresce numa família de fadistas.[1] Aos 3 anos, idade com que já frequenta casas de fado[2], vê a tia, a cantora Joana Correia, vencer a Grande Noite do Fado[1] — uma importante competição ao vivo, organizada pela Casa da Imprensa desde 1953 e transmitida em directo na televisão portuguesa (RTP).

Marvila, bairro de onde é natural, não tem casas de fado, mas, à sua porta, há uma importante escola de fado, canto e música, o Clube Lisboa Amigos do Fado, gerido por Armando Tavares, local de quase-peregrinação por onde passaram muitos outros artistas (Ana Moura, Ângelo Freire, Pedro Soares, etc.), e onde se «tiram tons» e se aprende. Aos 9, Sara bate à porta e pede para cantar.[3] Assim começa o seu percurso como fadista.

Casas de fado e Grande Noite do Fado

[editar | editar código-fonte]

Desde os 12 que canta em casas de fado, experiência de que não prescinde, tendo passado pela Mesa de Frades — onde se estreia profissionalmente —, Bacalhau de Molho, Fado em Si, Páteo de Alfama, entre outras.[3]

Com apenas 13 anos ganha a Grande Noite do Fado, momento determinante que consolida a ideia de fazer do fado a sua vida.[4]

Aos 15 anos, é convidada para integrar o elenco profissional da real Casa de Linhares, em Alfama, onde canta ao lado de Celeste Rodrigues, Maria da Nazaré e Jorge Fernando, artistas com quem diz ter aprendido muito.[5]

Várias são as vozes e percursos que a inspiram: Amália Rodrigues, Celeste Rodrigues, Joana Correia, Fernanda Maria, Beatriz da Conceição, Lucília do Carmo e Hermínia Silva.[3]

Em Portugal, para além das casas de fado, Sara já actuou no CCB, nos festivais Caixa Alfama e Caixa Ribeira, no Altice Arena, a título de exemplo. Os seus concertos têm enchido salas pelo país fora.

Em 2017, participa no filme Alfama em Si de Diogo Varela Silva (em fase de pós-produção), dando corpo à Severa (personagem histórica e símbolo do fado). O filme conta com um elenco de luxo, com nomes como Celeste Rodrigues, Camané, Ana Moura, Ricardo Ribeiro, entre outros.

Em 2018, é convidada pelo realizador francês Joël Santoni para cantar «O Grito», de Amália Rodrigues e Carlos dos Santos Gonçalves, na série de televisão Une famille formidable.

Sara Correia — 1.º álbum

[editar | editar código-fonte]

Apesar de ter gravado Destino, em 2008 — registo adolescente resultante da sua participação na Grande Noite do Fado —, a fadista considera que a sua estreia nos discos se dá com Sara Correia, álbum homónimo, lançado no dia 14 de setembro de 2018, produzido por Diogo Clemente (seu amigo de longa data) e editado com o selo da Universal Music Portugal[3] (pela Wrasse Records no Reino Unido, Alemanha, França, Benelux e Japão).

Participam nele os músicos Ângelo Freire (guitarra portuguesa), o mestre Marino de Freitas (baixo), Vicky Marques (percussões), Ruben Alves (piano), André Silva (bateria) e Diogo Clemente (viola de fado e produção musical).[3]

«Fado Português» e «Quando o Fado Passa», dois dos temas do disco, são escolhidos como cartões de visita e lançados antes do álbum (no dia 3 de setembro de 2018).

Do concerto de Sara na Praça do Município, em Lisboa, dias antes do disco aparecer nas lojas, diz-nos Miguel Branco, jornalista do Observador: «Caso para dizer que o fado não só passa como veio para ficar.»[6]

O álbum entra directamente para o 8.º lugar do top de vendas em Portugal na primeira semana e vale-lhe duas nomeações (Melhor Álbum de Fado e Melhor Artista Revelação) na primeira edição dos prémios Play - Prémios da Música Portuguesa, iniciativa da associação PassMúsica, formada pela Audiogest e pela GDA —, e o Prémio Revelação da Rádio Festival.

A crítica nacional e internacional não lhe poupa elogios. Em Portugal é apelidada de «furacão do fado» e de «grande voz da nova geração».[7]

Deste primeiro trabalho, a que atribui 4 estrelas, diz-nos Gonçalo Frota, jornalista do Público: «Sara Correia lança aos 25 anos um impressionante álbum homónimo assente em tradicionais. Diz que nasceu para isto. E é difícil de duvidar. […] É uma voz de soberbo ataque, imponente, de uma projecção que nos prende à cadeira se diante dela estivermos […], de charmosos graves amalianos e tão cheia de uma alma tradicional que não deixa grandes dúvidas quanto à verdade que lhe pulsa nas veias.»[3]

A revista Songlines, verdadeira bíblia para aqueles que acompanham a World Music, também dá 4 estrelas ao álbum, e publica: «Por vezes, uma voz nova lembra-nos que o fado tradicional ainda está bem vivo. […] Sara Correia é uma dessas vozes.»[8]

Já no site WorldMusicCentral pode ler-se: «O seu álbum homónimo e de estreia mostra o seu talento como intérprete, com uma voz poderosa e carismática que projeta a intensidade, a essência e a paixão do fado.»[9]

Ao álbum Sara Correia seguem-se mais de 30 concertos, em 2019, em países como Espanha, Coreia do Sul, Noruega, Itália, Áustria, Ilhas Reunião e, já em 2020, Índia, Bélgica, Países Baixos e Chile.

O disco, com a chancela da Universal Music Portugal, é composto por 11 faixas, num total de 39 minutos:

  1. «Fado Português» (Alain Oulman/José Régio) — 4:44;
  2. «Quando o Fado Passa» (Cátia Oliveira/Valter Rolo) — 3:31;
  3. «Sou a Casa» (Diogo Clemente/Fado Joaquim Campos) — 3:58;
  4. «O Meu Bom Ar» (Diogo Clemente/Miguel Ramos (Fado Margarida)) — 2:33;
  5. «Agora o Tempo» (Diogo Clemente) — 4:09;
  6. «Zé Maria» (Fernando José Esteves/Raul Ferrão) — 2:53;
  7. «Hoje» (Diogo Clemente/José António Barbosa) — 3:41;
  8. «Lisboa e o Tejo» (Fontes Rocha/Mário Rainho) — 3:11;
  9. «Veio a Saudade» (António Campos/Jorge Barradas), 2:58;
  10. «Corrido dos Botões» (Diogo Clemente/Fado Corrido) — 3:25;
  11. «Se o Mundo Dá Tantas Voltas» (Alfredo Marceneiro/Linhares Barbosa) — 3:30.

Do Coração — 2.º álbum

[editar | editar código-fonte]

O seu segundo álbum, Do Coração, foi lançado no dia 25 de setembro de 2020, uma vez mais em parceria com Diogo Clemente (produção musical) e com a chancela da Universal Music Portugal; conta com temas do fado tradicional e vários originais — compostos e escritos para a sua voz, por nomes como Joana Espadinha, Luísa Sobral, Paulo Abreu Lima e António Zambujo (com quem canta o único dueto do disco), Jorge Cruz, Vitorino, Carolina Deslandes, Mário Pacheco e o próprio Diogo Clemente.

Acompanham-na no disco os músicos: Ângelo Freire (guitarra portuguesa); André Silva (bateria); e Diogo Clemente (guitarra, viola de fado, percussão, sintetizador, programação e baixo). Em alguns temas juntam-se-lhes os músicos Bernardo Couto (guitarra), Ivo Costa (bateria), Ruben Alves (piano, órgão, acordeão, teclados), Marino de Freitas (baixo) e Chico Santos (contrabaixo).[10]

«Chegou Tão Tarde», escrito e composto por Joana Espadinha, é o primeiro single divulgado (em 25 de março de 2020).[11] Com videoclipe realizado por Cláudia Batalhão, o tema é escolhido para a banda-sonora da telenovela da TVI Quer o Destino[12].

Seguem-se: «Dizer Não» (apresentado ao público no dia 4 de setembro), um quase fado-tango, escrito e composto por Luísa Sobral, com videoclipe de Filipe Correia Santos[13]; e «O Porquê do Fado», de Carolina Deslandes (divulgado já depois do lançamento do disco, no dia 12 de janeiro de 2021), gravado ao vivo no concerto Festival Cervantino, México, 2020[14]. O último single a ganhar um vídeo (8 de abril de 2021) é «Antes Que Digas Adeus», Fado Maria com letra de Diogo Clemente, realizado por André Tentúgal.[4]

O disco conta ainda com temas de Vitorino («Por Passares», com letra de Diogo Clemente), Mário Pacheco («O Pórtico», com letra de Diogo Clemente) e Jorge Cruz («Por Perto»), e com uma letra de Manuela de Freitas para o «Fado Triplicado» de José Marques («Os Teus Recados»).

As críticas são, novamente, muito positivas. Lia Pereira, do Expresso, dá 4 estrelas ao álbum e diz: «Dois anos depois da estreia, Sara Correia está pronta para deixar uma marca no fado incorporando outros sons»[15]. Nuno Pacheco, do Público, também classifica o disco com 4 estrelas e escreve: «Agora, surge com um disco chamado Do Coração, apurado com a ajuda e a participação de Diogo Clemente (que produziu o primeiro e volta a produzir o segundo), inteiramente preenchido com originais, mas onde o fado tradicional ainda tem o seu lugar, a par de canções novas que ela tingiu de cores fadistas com os graves da sua voz»[10].

O álbum entra directamente para o top dos álbuns mais vendidos em Portugal (8.º lugar), repetindo, assim, o sucesso do primeiro.

O disco, com o selo da Universal Music Portugal, é composto por 11 faixas, num total de 34 minutos:

  1. «Chegou Tão Tarde» (Joana Espadinha) — 3:38;
  2. «Tu Ganhas Sempre» (Diogo Clemente) — 2:34;
  3. «Antes Que Digas Adeus» (Fado Maria Rita/Diogo Clemente) — 3:05;
  4. «Dizer Não» (Luísa Sobral) — 3:01;
  5. «Solidão» (António Zambujo/Paulo Abreu Lima) — 3:01 — em dueto com António Zambujo;
  6. «Não Se Demore» (Fado Pedro Rodrigues/Diogo Clemente) — 2:24;
  7. «Por Passares» (Vitorino/Diogo Clemente) — 3:29:
  8. «Por Perto» (Jorge Cruz) — 3:53;
  9. «O Pórtico» (Mário Pacheco/Diogo Clemente) — 3:17;
  10. «Os Teus Recados» (Fado Triplicado, José Marques/Manuela de Freitas) — 2:26;
  11. «O Porquê do Fado» (Carolina Deslandes) — 3:27.

Ao álbum Do Coração seguem-se alguns concertos em streaming (realizados durante as fases mais críticas da pandemia da Covid-19): Festival Cervantino, do México[16]; Festival de Fado de Maputo[17]; e Festival de Fado da América Latina[18].

Em 3 de julho de 2020, é a fadista convidada do 11.º episódio do programa Em Casa d'Amália, produzido pela RTP, onde aparece ao lado de Diogo Piçarra, André Amaro, Bruno Chaveiro e João Filipe.

2021 começa da melhor forma. Sara Correia é uma das vozes escolhidas para cantar, no dia 5 de janeiro, no concerto inaugural da Presidência Portuguesa do Conselho da União Europeia, ao lado de Camané, Carminho e Ana Moura. Acompanham-nos a Orquestra Sinfónica Portuguesa, dirigida pela maestrina Joana Carneiro.[19]

Seguem-se concertos em Portugal e no estrangeiro (Espanha, Marrocos, Tunísia e Reino Unido).

Em abril de 2021, é a estrela do 4.º episódio da websérie Meu Bairro Minha Língua, a convite do seu autor, o rapper Vinicius Terra, programa transmitido em Portugal pela RTP.[20]

  • Sara Correia (Universal Music Portugal/Wrasse Records, 2018)
  • Do Coração (Universal Music Portugal, 2020)

2018

  • «Fado Português», composto por Alain Oulman, com letra de José Régio, realizado por André Tentúgal.

2020

  • «Chegou Tão Tarde», escrito e composto por Joana Espadinha. Realização de Cláudia Batalhão.
  • «Dizer Não», escrito e composto por Luísa Sobral, com videoclipe de Filipe Correia Santos e participação da bailarina Catarina Casqueiro.

2021

  • «O Porquê do Fado», escrito e composto por Carolina Deslandes e gravado ao vivo no concerto Festival Cervantino, México, 2020.
  • «Antes Que Digas Adeus», Fado Maria com letra de Diogo Clemente, realizado por André Tentúgal.


The Voice Portugal

Ano Canal Programa
2023 RTP1 The Voice Gerações 2
2023 The Voice Portugal 11

Ligações externas

[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b c Lia Pereira, Sara Correia, a fadista de alma madura que quer descobrir-se mais, Blitz/Expresso, 27 de setembro de 2020
  2. Tiago Neto, Vozes de Agora: Sara Correia, Vogue, 12 de junho de 2018
  3. a b c d e f Gonçalo Frota, Um caso sério no fado, Público, 9 de setembro de 2018
  4. a b Sofia Craveiro, Sara Correia: “A minha forma de estar na vida é à conta do fado”, Gerador, 13 de abril de 2021
  5. Gonçalo Palma, Sara Correia: "O Fado tradicional corre-me nas veias", Rádio Comercial, 20 de setembro de 2018
  6. Miguel Branco, "É preciso cantar cada vírgula". De onde vem todo este fado de Sara Correia?, Observador, 7 de setembro de 2018
  7. Entrevista ao Observador (Podcast), Sara Correia: "Posso cantar um fadinho?", Observador, 12 de dezembro de 2019
  8. Gonçalo Frota, Sara Correia, Songlines, novembro de 2019
  9. Angel Romero, Sara Correia, the New Traditional Fado Sensation, World Music Central, 31 de dezembro de 2018
  10. a b Nuno Pacheco, Sara Correia tirou mais fados do coração, Público, 25 de setembro de 2020
  11. Tiago Pereira, "Chegou tão Tarde". É esta a nova canção de Sara Correia, Observador, 27 de março de 2020
  12. Marina Gonçalves, [1], Notícias ao Minuto, 7 de outubro de 2020
  13. Observador, "Dizer Não": o single que antecipa o novo álbum de Sara Correia, Observador, 4 de setembro de 2020
  14. Glam Magazine, Sara Correia Lança Novo Vídeo para o single “Porquê do Fado”, Glam Magazine, 12 de janeiro de 2021
  15. Lia Pereira, Sara Correia, a fadista de alma madura que quer descobrir-se mais, Expresso, 27 de setembro de 2020
  16. Renata Couttolenc, Ellas Son Cervantinas, 14 de outubro de 2020
  17. Lusa, Festival de Fado de Maputo em 'streaming' a partir da Casa de Amália, Lusa, 8 de outubro de 2020
  18. Lusa, Festival de Fado da América Latina em ‘streaming’ a partir da Casa de Amália, Lusa, 2 de outubro de 2020
  19. Blitz/Agência Lusa, Presidência portuguesa da União Europeia: concerto inaugural em direto esta terça-feira, Blitz/Agência Lusa, 4 de janeiro de 2021
  20. Euronews, Meu Bairro Minha Língua, Euronews, 5 de maio de 2021