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Igreja Matriz do Sagrado Coração de Jesus (Farroupilha)

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 Nota: Este artigo é sobre a Matriz de Farroupilha. Para outras igrejas de nome semelhante, veja Igreja do Sagrado Coração de Jesus.
A Igreja Matriz

A Igreja Matriz do Sagrado Coração de Jesus é o principal templo católico da cidade brasileira de Farroupilha. Com significativo interesse histórico e cultural, intimamente ligada ao desenvolvimento da comunidade, é um patrimônio municipal tombado.

Sua história está ligada ao processo de colonização da região por imigrantes italianos. O povoamento iniciou na localidade de Nova Milano, então um distrito da antiga Colônia Caxias. Devido à falta de sacerdotes para atender a população, os imigrantes recorreram à Diocese de Vicenza, que em 1886 indicou o padre Tiago Brutomezzo. Depois de alguns meses trabalhando na Linha Sertorina, ele se estabeleceu em Nova Milano, onde organizou a construção de uma capela de madeira rústica dedicada a São Vicente de Saragoça. Com a inauguração da ferrovia em 1910, o centro de atividades se deslocou para o núcleo colonial de Nova Vicenza, atual centro de Farroupilha.[1][2]

A Matriz na sua inauguração em 1935

Em 4 de novembro de 1918, estando em visita pastoral o bispo de Porto Alegre dom João Becker, ele ordenou a transferência da sede paroquial para acompanhar a evolução do povoado. A decisão encontrou resistência de parte da população, mas a pedra fundamental foi lançada em 29 de fevereiro de 1919 pelo padre Luís Segale, sendo inaugurada em 17 de setembro de 1922, durante o governo do pároco Tiago Bombardelli, sendo dedicada ao Sagrado Coração de Jesus.[1][2]

Em 1929, sob a direção do pároco Bombardelli, começaram os planos para uma nova igreja, mais ampla e imponente, a atual Matriz. A Comissão de Obras foi composta por Abramo Dal Molin, Carlos Maggioni, Ludovico Merlin, José Pergher e Carlos Egger, lideranças comunitárias. O projeto arquitetônico foi desenvolvido por Vitorino Zani e aprovado pelo bispo em 1932.[2]

A pedra fundamental foi lançada em 6 de fevereiro de 1933, mas após alguns meses as obras foram paralisadas por falta de tijolos, sendo retomadas em março do ano seguinte. A igreja foi inaugurada em 19 de maio de 1935, com as torres ainda incompletas, um ano após a emancipação do município. A inauguração foi celebrada com grande solenidade, recebendo a consagração pelo vigário da Matriz de Caxias do Sul, dom João Meneguzzi.[2] Na década de 1940 as torres foram arrematadas.[3] Em 1985 seu jubileu de ouro foi comemorado com grandes festejos, sendo homenageada a memória daqueles que haviam participado da construção.[2]

Com o passar do tempo o edifício começou a apresentar vários problemas. Em 2003 foi criada a Associação Cultural Monsenhor Tiago Bombardelli, com vistas ao desenvolvimento de um projeto para um restauro geral.[4] As obras iniciaram em 2006, recebendo investimentos de empresas, da Prefeitura e do Governo do Estado através da Lei de Incentivo à Cultura.[4][5] O restauro teve como objetivo preservar a construção histórica e estimular a conscientização da comunidade para a importância de preservar o seu patrimônio histórico.[4] Em 2002 e 2011 a Praça da Matriz passou por reformas e revitalização.[6][7]

Características

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Detalhe do portal de entrada

Localizada na Rua Rui Barbosa nº 96, diante da Praça da Matriz, é inspirada no estilo românico. O exterior é austero, e segundo Roberto Hunoff, foi criado desta maneira por expressa recomendação do padre Bombardelli, a fim de evitar futuros problemas de conservação.[2] Tem uma área construída de 862,4 metros quadrados,[8] duas torres de 49 metros de altura e um interior dividido em três naves.[9] Na fachada há uma rosácea, florões ornamentais e um relevo representando o Bom Pastor na luneta da entrada.[1]

Seu interior tem rica decoração, incluindo um grande altar em madeira entalhada com arremates dourados, da oficina de Alexandre Bartelle, estatuária de Bartelle e de seu colaborador Dino Dorigon,[10] e um dos principais conjuntos de vitrais da região,[11] inspirados na arte alemã,[12] e doados pelas principais famílias de Farroupilha, com cenas que aludem à história do povoamento.[1]

A Matriz é considerada um marco identitário da comunidade, um importante patrimônio histórico do estado do Rio Grande do Sul,[5] e um dos atrativos turísticos do município.[9][1] Foi tombada pela Prefeitura de Farroupilha em 24 de abril de 2002.[13][8]

Referências

  1. a b c d e "A solene Igreja Matriz de Farroupilha". Pioneiro, 17 de julho de 1976, p. 19
  2. a b c d e f Hunoff, Roberto. "Primeiro padre foi enviado pela Diocese de Vicenza". Pioneiro, 10 de maio de 1987, p. 19
  3. "Há 46 anos no Pioneiro". Pioneiro, 15 de novembro de 1994, p. 6
  4. a b c "Igreja Matriz de Farroupilha ganha restauração". Correio Riograndense, 26 de abril de 2006, p. 19
  5. a b "Secretário Estadual da Cultura visita as obras da igreja Matriz de Farroupilha". Governo do Estado do Rio Grande do Sul, 9 de junho de 2006
  6. "Obras na Praça da Matriz". Pioneiro, 9 de dezembro de 2002, p. 9
  7. "Praça da Matriz será reinaugurada". Correio Riograndense, 19 de outubro de 2011, p. 5
  8. a b "Farroupilha – Igreja Matriz Sagrado Coração de Jesus". IPatrimônio, consulta em 31 de maio de 2024
  9. a b "Município vive seu cinquentenário". Correio Riograndense, 25 de abril de 1984, p. 91
  10. Poniwas, Maria Cleufe Bianchi. "Dino José Dorigon - entre o céu e a terra, alguns Dinos sobrevivem". O Farroupilha, 14 de janeiro de 2022
  11. Museu e Arquivo Histórico Municipal de Caxias do Sul."Vitrais: arte e uso". Pioneiro, 7 de setembro de 1986, Caderno Sete Dias, p. 4
  12. "Preservação do nosso patrimônio artístico". Pioneiro, 31 de julho de 1976, p. 19
  13. "Patrimônio Cultural Protegido". Prefeitura de Farroupilha, consulta em 30 de maio de 2024