Neocallimastigomycota
Neocallimastigomycetes Neocallimastigales Neocallimastigaceae Neocallimastigomycota | |||||||||||||||||
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Classificação científica | |||||||||||||||||
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Género-tipo | |||||||||||||||||
Neocallimastix (I.B. Heath 1983) Vavra & Joyon | |||||||||||||||||
Géneros | |||||||||||||||||
Sinónimos | |||||||||||||||||
Neocallimastigomycota é uma divisão monotípica de fungos anaeróbicos,[6] na sua maioria simbiontes encontrados principalmente no rúmen de ruminantes e no trato intetinal de outros grandes herbívoros, mas com possível distribuição natural mais ampla. Inclui uma única classe, Neocallimastigomycetes, uma única ordem, Neocallimastigales, e uma única família, Neocallimastigaceae.[5] Os fungos anaeróbicos foram originalmente colocados dentro da divisão Chytridiomycota,[7] na qual constituíam a ordem Neocallimastigales, mas foram posteriormente elevados ao nível do filo,[6] uma decisão sustentada na reconstrução da árvore filogenética destes organismos.[8]
Descrição
[editar | editar código-fonte]Neocallimastigomycetes é um classe de fungos anaeróbicos, encontrados no trato digestivo de herbívoros. Inclui apenas uma família.[5] A designação é etimologicamente formada por quatro raízes gregas que significam novo, bom e belo, chicotes e cogumelos, respectivamente, referência que se centra sobre os zoósporos multiflagelados do fungo.[9] Até agora, estes fungos foram apenas encontrados no conteúdo intestinal de mamíferos, mas é provável que sejam encontrados em outros ambientes anóxicos, como os solos de pântanos.
Os fungos ruminais anaeróbicos habitam o rúmen dos grandes mamíferos ungulados onde formam pequenos micélios de hifas cenocíticas que se dispersam através da produção de esporos multiflagelados direcionados posteriormente, às vezes associados a um corpo basal estéril. Os esporângios podem ser agrupados em micélios pequenos e compactos ou dispersos. Estes organismos são caracterizados por terem hidrogenossomas em vez de mitocôndrias.[10] Foi examinando os hidrogenossomos do género Neocallimastix que conseguiram mostrar que as mitocôndrias eram hidrogenossomas reduzidos, adaptados a um ambiente anóxico.[11]
Fungos pertencentes ao grupo dos Neocallimastigomycetes foram reconhecidos pela primeira vez como fungos pelo microbiólogo Colin G. Orpin em 1975,[12] com base nas células móveis presentes no rúmen de ovelhas. Os zoósporos já haviam sido observados muito antes, mas acreditava-se que eram protistas flagelados, mas Orpin mostrou que eles possuíam uma parede celular de quitina.[13] Desde então, foi demonstrado que são fungos relacionados com os núcleo central do clado dos quitrídios. Antes disso, acreditava-se que a microbiota do rúmen consistia apenas em bactérias e protozoários. Desde a sua descoberta, foram isolados do trato digestivo de mais de 50 herbívoros, incluindo ruminantes e não ruminantes (fermentação intestinal posterior) e répteis herbívoros.[14][15] Membros do grupo Neocallimastigomycota também foram encontrados no intestino de humanos.[16]
Os neocalimastigomicetos não possuem mitocôndrias, mas contêm hidrogenossomas nos quais a oxidação de NADH para NAD+ leva à formação de H2.[10]
Ciclo de vida
[editar | editar código-fonte]A reprodução destes fungos no rúmen de ruminantes ocorre através da formação de zoósporos que são libertados dos esporângios. Esses zoósporos têm um cinetossoma, mas não possuem o centríolo não flagelado conhecido na maioria dos quitrídios e são conhecidos por usar transferência horizontal de genes no desenvolvimento de xilanase (a partir de bactérias) e outras glucanases.[10]
Os envelopes nucleares das células são notáveis por permanecerem intactos durante a mitose.[5] A reprodução sexuada ainda não foi observada em fungos anaeróbios. Porém, sabe-se que podem sobreviver por muitos meses em ambientes aeróbicos,[17] fator importante na colonização de novos hospedeiros. No género Anaeromyces a presença de esporos putativos foi observada em repouso,[18] mas a maneira pela qual se formam e germinam permanece desconhecida.
Ecologia
[editar | editar código-fonte]Os Neocallimastigomycetes desempenham um papel essencial na digestão de fibra nas espécies hospedeiras. Estes organismos estão presentes em grandes quantidades no trato digestivo de animais alimentados com dietas ricas em fibras.[19] As enzimas que degradam polissacarídeos produzidas por fungos anaeróbicos podem hidrolisar os polímeros vegetais mais recalcitrantes e podem degradar completamente as paredes celulares de plantas não lignificadas.[20][21] As enzimas que degradam os polissacarídeos estão organizadas num complexo multiproteico, semelhante ao celulossoma bacteriano.[22]
As espécies do género Orpinomyces exibem a capacidade de produção de xilanase, CMCase, liquenase, amilase, β-xilosidase, β-glucosidase, α-Larabinofuranosidase e pequenas quantidades de β-[8celobiosidase]] utilizando avicel como única fonte de energia.[23]
Sistemática e diversidade
[editar | editar código-fonte]A terminação grega, "-mastix", referindo-se a "chicotes", ou seja, os muitos flagelos nesses fungos, é alterada para "-mastig-" quando combinada com terminações adicionais em nomes latinizados.[24] O nome de família Neocallimastigaceae foi originalmente publicado incorretamente como "Neocallimasticaceae" pelos autores da publicação, o que levou à cunhagem do incorreto "Neocallimasticales", um erro facilmente perdoável, considerando que outras terminações "-ix", como Salix dão origem a Salicaceae.
A correção desses nomes é exigida pelo artigo 60.º do Código Internacional de Nomenclatura Botânica. A ortografia corrigida é usada pelo Index Fungorum.[25] Ambas as grafias ocorrem na literatura e na Internet como resultado da grafia na publicação original.
A ordem dos Neocallimastigales e, portanto, também a família dos Neocallimastigaceae, foi anteriormente colocada entre os Chytridiomycetes. No entanto, desde 2007 formou sua própria divisão, a Neocallimastigomycota.[5] Na sua presente circunscrição taxonómica (novembro de 2020) incluía 18 géneros:[26]
- Agriosomyces
- Agriosomyces longus Hanafy et al. 2020 (em muflões – Ovis orientalis)
- Aklioshbomyces
- Aklioshbomyces papillarum Hanafy et al. 2020 (em gamos – Odocoileus virginianus)
- Anaeromyces
- Buwchfawromyces
- Caecomyces
- Capellomyces
- Capellomyces foraminis Hanafy et al. 2020 (em Capra aegagrus)
- Capellomyces elongatus Hanafy et al. 2020 (em Capra aegagrus s. l.)
- Cyllamyces
- Feramyces
- Ghazallomyces
- Ghazallomyces constrictus Hanafy et al. 2020 (em Axis axis)
- Joblinomyces
- Joblinomyces apicalis Hanafy et al. 2020 (em Capra aegagrus)
- Khyollomyces
- Khoyollomyces ramosus Hanafy et al. 2020 (em Equus grevyi)
- Liebetanzomyces
- Neocallimastix
- Oontomyces
- Orpinomyces
- Pecoramyces
- Piromyces
- Tahromyces
- Tahromyces munnarensis Hanafy et al. 2020 (em Nilgiritragus hylocrius)
Desses 18 géneros conhecidos, 11 foram descritos apenas em novembro de 2020, a partir da análise de fezes de animais domésticos e de animais selvagens que não haviam sido examinados anteriormente para Neocallimastigomycota. Portanto, pode-se supor que muitos táxons de Neocallimastigomycota ainda permanecem desconhecidos.
Referências
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Bibliografia
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