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Pigmeus

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Pigmeus africanos e um explorador europeu (c. 1920).

Pigmeu é um termo utilizado para vários grupos étnicos mundiais cuja altura média é invulgarmente baixa. Os mais famosos pigmeus são os da etnia Mbuti, que vivem na Bacia do Congo, onde os homens adultos crescem a menos de 150 cm na média de altura. Existem também pigmeus no Sul da Ásia, na Oceania, na Bolívia, no Ruanda, Uganda e República Democrática do Congo. O termo "pigmeu" é muitas vezes considerado preconceituoso. Cada povo prefere ser chamado pelo seu respectivo nome, embora não haja outro termo para se referir aos povos como grupo.

Várias teorias têm sido propostas para explicar a baixa estatura dos pigmeus. Uma explicação aponta para os baixos níveis de luz ultravioleta nas florestas equatoriais. Isto pode significar que relativamente pouca vitamina D pôde ser feita na pele humana, limitando assim a absorção do cálcio na dieta de crescimento e manutenção óssea, e que conduziu à evolução característica de tamanho pequeno e esquelético dos pigmeus.

Há uma lenda que diz que os povos pigmeus primordiais (os Kás) eram um povo muito alto, que passava de 220 cm na media de altura, e que havia sido expulso para as densas florestas equatoriais por uma maldição, há quase 5000 anos, pelos ancestrais dos Bantos, o que originou os grandes costumes de hoje em dia. Conta a lenda que os Ká passaram mais de 3000 anos sem poder ver a luz do sol e, passado esse tempo, foram denominados pigmeus pelas tribos bantas da região, pois acabaram por ter uma estatura muito baixa. Assim, com o nome mudado, os pigmeus puderam voltar a ver a luz do sol.

Outras explicações incluem a falta de alimentos no ambiente equatorial, os baixos níveis de cálcio no solo, a necessidade de se mover através da densa floresta, a adaptação ao calor e à umidade, e, mais recentemente, como uma associação com a rápida maturação reprodutiva em condições de mortalidade precoce. Um estudo recente sugere que o crescimento nessas populações é retida por pequenas quantidades de FIG (Fatores de Insulina do Crescimento) durante a adolescência.

Estatura: explicação fisiológica

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O hormônio do crescimento (GH) estimula o fígado a produzir diversas proteínas pequenas, denominadas somatomedinas, que possuem o efeito de aumentar todos os aspectos do crescimento ósseo. Foram isoladas pelo menos quatro somatomedinas diferentes, mas sem dúvida alguma, a mais importante é a somatomedina C, com peso molecular aproximado de 7.500. Em condições normais a concentração de somatomedina C no plasma sanguíneo acompanha estreitamente a velocidade de secreção do hormônio do crescimento. Os pigmeus da África tem incapacidade congênita de sintetizar quantidade significativa de somatomedina C. Embora a concentração de GH esteja normal ou elevada no plasma desses indivíduos, existem quantidades diminuídas de somatomedina C, explicando aparentemente a baixa estatura dessas pessoas. Alguns outros anões (o nanismo de Levi-Lorain) também apresentam essa característica.[1]

Pigmeus africanos

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Grupos pigmeus na África.

Os pigmeus pertencem a vários grupos étnicos de Ruanda, Uganda, na República Democrática do Congo, na República Centro-Africana, Camarões, Guiné Equatorial, Gabão, no Congo, Angola, Botsuana, Namíbia e na Zâmbia.

A maioria deles sobrevive como caçadores-coletores, vivendo parcialmente, mas não exclusivamente da caça e da coleta. São bons caçadores, caçando só o que precisam, e comem larvas de troncos ocos. Mas também destilam o milho e frutas disponíveis, para extrair álcool. Fazem comércio com os agricultores vizinhos para adquirir alimentos e outros produtos cultivados fora. Suas casas são feitas de varas, troncos e folhas e mantêm sempre uma fogueira acesa durante a noite. A cabana, semi-esférica e totalmente coberta de folhas, tem de 2 a 3 metros de diâmetro e uma altura que raramente supera os 150 centímetros. Antigamente, sua construção era tarefa exclusiva das mulheres.

Os instrumentos de trabalho dos pigmeu são poucos e feitos com madeira, ossos, chifres, fibras naturais e vegetais, dentes e sementes duras. Além de construírem suas casas, são também hábeis na construção de pontes de cipó sobre os rios.

Em todos os grupos pigmeus, a unidade sócio-econômica é a aldeia, formada por uma dezena de cabanas e habitada por grupos de trinta a setenta pessoas. O mais velho (ou o caçador mais hábil) preside cada unidade.

A estrutura social dos pigmeu é muito imprecisa, e não há uma nítida divisão sexual do trabalho. Qualquer um, homem ou mulher, recolhe tubérculos, fungos, larvas e cogumelos na floresta. A pesca, que só acontece na estação seca, é reservada, em alguns grupos, às mulheres e crianças.

Já a caça é atividade exclusivamente masculina e se constitui um momento mágico na vida da comunidade. Os homens se preparam para sair à caça, abstendo-se das relações sexuais e evitando toda "ofensa" à comunidade. Antes da partida, há cerimônias de purificação e propiciação.

Hoje, como no passado, a sorte dos pigmeu está ligada à selva. Fora dela, sua cultura e sua vida se perdem. Mas ultimamente o seu meio ambiente está sendo cada vez modificado e destruído pela extração de madeira, pelas extensas plantações de café, por minas de ouro e diamantes e por implantações industriais. Além disso, o uso de armas de fogo por parte de negros e brancos afasta sempre mais os animais selvagens, dificultando a caça, atividade essencial para a subsistência dos pigmeus.

Estima-se que há entre 250.000 e 600.000 pigmeus vivendo na floresta tropical do Congo.

Os pigmeus africanos sofrem com o preconceito e a opressão de outros grupos étnicos africanos, principalmente com o canibalismo dos bantos.

Alguns países pretenderam usar os pigmeus como curiosidade turística e convertê-los em patrimônio nacional. Esta é uma situação discriminatória que, nascida das diferenças entre os pigmeu e os demais povos africanos, ainda perdura hoje.

Relatórios de genocídio

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As guerras contra os pigmeus foram consideradas "desumanas". Há ampla evidência de assassinatos em massa, canibalismo e estupros de pigmeus. Apesar de ter sido praticada por praticamente todos os grupos armados, a maior parte da violência contra os pigmeus é atribuído ao grupo rebelde Movimento para a Libertação do Congo, que faz parte do governo de transição de origem banta e ainda controla grande parte do norte e os seus aliados.[carece de fontes?]

Na República do Congo, onde os pigmeus representam 5 a 10% da população, muitos deles vivem como escravos de mestres bantos. A nação está profundamente dividida entre estes dois grandes grupos étnicos. Os pigmeus escravos pertencem desde o nascimento até à sua morte aos mestres bantos - um relacionamento que os bantos chamam de "honrada tradição". Chegam a ser considerados parte do seu patrimônio familiar e, como tais, são transmitidos como herança de geração a geração.

Nessas condições, é o patrão banto quem responde por eles diante da sociedade. Defendem-nos em tribunais, onde às vezes os pigmeu nem sequer têm o direito de comparecer, e conservam seus eventuais documentos públicos, que usam sem maiores controles.

Os bantos desfrutam dos bens que os pigmeu caçam e colhem e exigem que trabalhem em seus campos. Em troca, lhes dão retalhos velhos de tecido, alguns produtos de cultivo e até suas cabanas, quando estas já estão semidestruídas.

Usos e Costumes

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Os pigmeus, por viverem na floresta tropical escura, quente e úmida, encontram na coleta e na caça suas formas de subsistência. Não acumulam alimentos nem bens naturais e vivem daquilo que a natureza lhes oferece. Mas nem sempre contam com o suficiente para atender às necessidades mínimas - às vezes, passam longos períodos de fome.

Como os demais povos caçadores da África, nunca se interessaram nem pela agricultura nem pela criação de gado. O único animal doméstico que costumam ter é o cachorro.

A mulher é muito respeitada na sociedade pigmeia, e a monogamia é uma tradição tão firme que chega a ser difícil aos estudiosos explicá-la.

O homem em idade de casar busca uma esposa em um grupo distinto do seu. É uma forma de intercâmbio: um grupo cede a outro uma mulher se este está em condições de dar-lhe outra no lugar, para que o vazio deixado por uma seja preenchido pela outra.

Todas as noites, os pigmeus costumam se reunir em danças coletivas e jogos mímicos, que são suas atividades preferidas nas horas de lazer.

Não é fácil falar da religião dos pigmeus, porque eles não costumam expressar suas crenças com ritos externos e, além disso, a religião dos diferentes grupos não é uniforme.

Geralmente, creem num Ser Supremo Criador, que se personifica no deus da selva, do céu e do além. Creem ainda que as almas dos bons se convertem em estrelas do firmamento, enquanto as almas dos maus são condenadas a vagar eternamente pela selva e dão origem às doenças dos humanos.

Os pigmeus acreditam também na vida além da morte, mas não se estendem muito sobre o assunto, logo se esquecendo das tumbas de seus antepassados.

De acordo com um estudo genético de 2009, a separação entre os grupos de pigmeus africanos do Oeste e do Leste teria se dado há 20.000 anos.[2]

Um estudo genético autossômico de 2015 examinou o perfil dos pigmeus africanos.[3] Dentre outros achados, avaliou-se que os agricultores bantu e os pigmeus divergiram entre 90.000 e 150.000 anos atrás.[3]

  • Cavalli-Sforza, Luigi Luca: African pygmies. Academic Press, 1986, (em inglês) ISBN 9780121644802.

Referências

Ligações externas

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