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Videmonte

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Portugal Portugal Videmonte 
  Freguesia  
Casa beirã de Videmonte
Casa beirã de Videmonte
Casa beirã de Videmonte
Localização
Videmonte está localizado em: Portugal Continental
Videmonte
Localização de Videmonte em Portugal
Coordenadas 40° 30′ 50″ N, 7° 23′ 24″ O
Região Centro
Sub-região Beiras e Serra da Estrela
Distrito Guarda
Município Guarda
Código 090749
Administração
Tipo Junta de freguesia
Características geográficas
Área total 53,92 km²
População total (2021) 388 hab.
Densidade 7,2 hab./km²
Outras informações
Orago São João Baptista
Sítio https://freguesias.beira.pt/videmonte/

Videmonte é uma povoação portuguesa sede da Freguesia de Videmonte do Município da Guarda, freguesia com 53,92 km² de área[1] e 388 habitantes (censo de 2021)[2], tendo, por isso, uma densidade populacional de 7,2 hab./km².

A 22 km de distância da Guarda, é a freguesia onde se situa o ponto mais alto do Município, o marco geodésico da Cabeça Alta (1287 m). Faz fronteira com Celorico da Beira e é atravessada pelo Rio Mondego. Localizada em pleno coração da Serra da Estrela, as paisagens naturais banhadas pelo Rio Mondego tornam a aldeia ideal para a prática de desporto e para o contacto com a natureza. As suas casas, construídas com blocos de granito, estão integradas na paisagem que as rodeia. Desta freguesia faz também parte o lugar da Quinta da Taberna.

Videmonte pertence à rede de Aldeias de Montanha.

A população registada nos censos foi:[2]

População da freguesia de Videmonte[3]
AnoPop.±%
1864 843—    
1878 850+0.8%
1890 928+9.2%
1900 1 040+12.1%
1911 1 076+3.5%
1920 906−15.8%
1930 956+5.5%
1940 990+3.6%
1950 1 127+13.8%
1960 1 190+5.6%
1970 909−23.6%
1981 656−27.8%
1991 608−7.3%
2001 552−9.2%
2011 478−13.4%
2021 388−18.8%
Distribuição da População por Grupos Etários[4]
Ano 0-14 Anos 15-24 Anos 25-64 Anos > 65 Anos
2001 79 71 269 133
2011 50 47 216 165
2021 21 36 170 161

História e Etimologia

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Todas as terras têm suas lendas, com o valor próprio de cada uma delas, fazendo, por isso, parte das suas culturas, mas não são a sua história. É o caso de Videmonte com a lenda das formigas, que reza:

"Antigamente havia dois locais distintos – Vide e Monte. Vide estava localizada no atual lugar de Barrelas. Não muito afastada ficava a Quinta do Monte onde morava um fidalgo. O dito fidalgo deslocava-se todos os domingos a Vide para assistir à missa. Num ano remoto, durante o Verão, apareceu uma praga de formigas gigantes que atacou a população, chegando inclusivamente a matar algumas crianças. Obrigadas a protegerem-se, as pessoas refugiaram-se no Monte onde vivia o fidalgo. Desta junção resultou o termo, desde então utilizado - Videmonte.[5]"

Esta lenda repete-se em, pelo menos, 11 localidades na zona raiana, havendo vários pesquisadores a chegarem à conclusão de que as formigas se tratavam, na realidade, dos exércitos romanos vistos de longe. Portanto, segundo a lenda e a teoria dos exércitos romanos, pode-se concluir que Videmonte já existia na altura da ocupação romana da Península Ibérica.

O fidalgo de que fala a lenda, efetivamente, existiu. Fidalgo cavaleiro do reino, de nome Afonso Pires, de alcunha "o Gato", foi tenente do reino e governador da Guarda em 1207. Nas inquirições gerais (1220 - 1397) de D. Afonso III e D. Diniz, em concreto no ano de 1258, referidas ao julgado de Linhares, é dado conta que o lugar «aldeia» de Menouta, em Vite Montis, era propriedade do referido cavaleiro[6].

A avaliar pela toponímia de toda a envolvente a Videmonte, o povoamento desta freguesia é muito anterior ao Séc. XIII. O seu próprio nome terá, segundo vários investigadores, origem pré-romana ou mesmo a remontar à idade antiga.[7]

No seculo XII, Videmonte, que pertencia ao Concelho de Linhares, com foral atribuído em 1169 por D. Afonso Henriques, tinha a designação do latim antigo ou arcaico de VITE MONTIS, conforme registos[8][9].

Quando foi atribuído o foral à Guarda, por D. Sancho I, no ano de 1199, a cidade obteve, também, a designação de diocese com sede em Idanha-a-Velha, daí o título de “egitaniense”, e uma das paróquias que transitou da diocese de Coimbra para esta foi a de Videmonte cuja designação completa era a Seguinte: “parreochialem eclisiam Santi Johannes de Vite Montis[7]

Viriato Simões coloca a hipótese das populações residentes no castro de Tintinolho (Guarda) terem fugido para a Serra de Bois (Videmonte), quando das primeiras invasões romanas a estes territórios no século III d.C.[10]

A grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira identifica como sendo de origem germânica o nome do Rei visigodo Vitterico, Witerico ou Vitericus[11].

Segundo vários investigadores, tais nomes são sucedâneos e da mesma origem da do guerreiro lusitano Viriato *Viri Athus* (181-147 a.C.) cujos significados são: forte, famoso e líder.

Também o Dicionário Histórico, Chorográfico, Bibliográfico, Heráldico, Numismático e Artístico regista tais factos históricos desta localidade[12].

O filósofo e linguista alemão, Joseph-Maria Piel, defende como sendo de origem etimológica germânica, na Lusitânia, o nome de *Vitemundi* - Videmonte do concelho da Guarda, desde a extinção definitiva do de Linhares em 1855 .

Algumas das principais atividades económicas locais são: serralharia, carpintaria, agricultura, pastorícia, construção civil, pequeno comércio e florestação. Existe um Parque Eólico em Videmonte composto por dezasseis aerogeradores.[13]

A sua gastronomia inclui queijo Serra da Estrela, requeijão, bôla de água, bôla de azeite, bôla com carne de porco, caldo de paparote de castanhas, fumeiros, sopa da matança do porco.

Alguns locais de interesse turístico são: Açude do Bicho, Casa Abrigo, Lugar dos Barrocais, Pátio da "Ti Torres", Casa Paroquial, Casas Novas, Centro Cultural de Videmonte.

As suas principais festas e romarias são a Festa de Nossa Senhora de Lourdes e a Festa de Santo Antão. No último fim de semana de Julho realiza-se em Videmonte o Festival Pão Nosso, de forma a celebrar o famoso pão de centeio produzido na freguesia e cozido nos fornos a lenha, seja no comunitário ou em casa de particulares[14].

Igreja Matriz de Videmonte
Capela de Santo António, em Videmonte
  • Igreja Matriz de Videmonte
  • Capela de Santo António
  • Capela de Nossa Senhora de Lourdes
  • Capela de Santo Antão

Pontos de interesse

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Praia Fluvial da Quinta da Taberna, Videmonte
  • Forno comunitário
  • Geossítio da Quinta da Taberna
  • Praia fluvial da Quinta da Taberna
  • Espaço Cooperativa CoWork - Videmonte (espaço de trabalho partilhado sem fins lucrativos)

Referências

  1. «Carta Administrativa Oficial de Portugal CAOP 2013». descarrega ficheiro zip/Excel. IGP Instituto Geográfico Português. Consultado em 10 de dezembro de 2013. Arquivado do original em 9 de dezembro de 2013 
  2. a b Instituto Nacional de Estatística (23 de novembro de 2022). «Censos 2021 - resultados definitivos» 
  3. Instituto Nacional de Estatística (Recenseamentos Gerais da População) - https://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_publicacoes
  4. INE. «Censos 2011». Consultado em 11 de dezembro de 2022 
  5. «Fonte do Mergulho/Fonte do Goducho» (PDF). IGESPAR. Consultado em 19 de Março de 2014 
  6. Diniz, Dom (1220 - 1397). Livro das Inquirições de D. Diniz. Portugal: [s.n.]  Verifique data em: |ano= (ajuda)
  7. a b Branquinho, Evaristo (2023). Videmonte 800 Anos depois à procura das suas origens. Lisboa: auto-edição. pp. 77 – 80 
  8. Abrantes, Leonel (1995). Linhares, Antiga e Nobre Vila. Gouveia: Publicações Estrela. p. 79 
  9. Rodrigues, Adriano Vasco (1979). Celorico da Beira e Linhares. Celorico da Beira: [s.n.] p. 51 
  10. Simões, Viriato (1979). Serra da Estrela e Suas Beiras. Lisboa: Edição de Autor. pp. 66, 79 
  11. A Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira. Lisboa - Rio de Janeiro: Editorial Enciclopédia Ldª. Lisboa - Rio de Janeiro. 1960. pp. Volume 34, pp.445 – 446 
  12. Torres, João. Dicionário Histórico, Chorográfico, Bibliográfico, Heráldico, Numismático e Artístico. [S.l.]: João Romano Torres. pp. Volume 34, T.Z. pp.:434, 435 
  13. Cravo, Ana (2010). Boa prática de AIA em Portugal: contribuições notáveis para a sustentabilidade, Mestrado em Engenharia do Ambiente, Instituto Superior Técnico, Universidade de Lisboa.
  14. Aldeias de Montanha. «Festival Pão Nosso». Consultado em 30 de Março de 2022 

Ligações externas

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